As Crônicas da Adolescência (parte 1)

segunda-feira, 26 de maio de 2008


Dizem que quando estamos à beira da morte, toda a nossa vida passa diante de nossos olhos. E foi isso que aconteceu. Não sei como explicar, mas está tudo em câmera lenta, vejo gente rindo e alguns chorando. Só sei que nada sei, e que a minha vida não passa de um filme muito louco. Não mudaria nada, muito pelo contrario, acrescentaria mais loucura a ela.
Era aproximadamente duas da matina. Eu, como sempre muito louca de cachaça e droga, comecei a viajar no meu passado. Minha história começa aos cinco anos, não me lembro de nada antes disso e também não faço questão de lembrar. Meu pai nunca foi um grande homem, um pai que realmente seja pai. Ele era viciado em heroína, minha mãe em LSD, já dá pra adivinhar quem morreu primeiro?
Pois é, quando eu tinha oito anos, me lembro como se tivesse acabado de acontecer, meu pai estava muito louco, e gritava muito: “Eu to voando em baixo d’água, e tem borboletas aqui, e cobras também”, e olhava para o nada no meio da sala. Mas não contente ele usou mais... E foi o fim. Acho que ele esqueceu de desamarra o braço, foi ficando roxo, a boca dele estava estranha e se contorcia inumeras vezes como se tivesse levando um choque. Demorei pra perceber que ele estava tendo uma overdose, é claro que eu não entendia o que estava acontecendo, pra falar a verdade eu acabei de descobrir o que ele sentiu. É isso ai, estou tendo uma overdose, no dia do meu aniversário, não sei descrever ao certo se sinto dor no corpo, ou se estou anestesiada. Mas a minha vida ta passando diante dos meus olhos.
Depois que meu pai morreu minha “amada” mãe não sabia o que fazer e começou a receber uns caras lá em casa, as vezes eu abria a porta e ela estava em umas posições estranhas, mais tarde eu descobri o que ela fazia. Se prostituir e deprimente até se o caso é passar fome. Minha vida dos oito aos onze anos foi chata, só brincava na rua até tarde porque minha mãe me colocava pra fora quando mais de três homens entrava.
Até que certo dia eu fiquei curiosa demais e decidi matar a curiosidade, abri o guarda roupas da minha mãe e achei um cigarro estranho, tinha um cheiro muito agradável, maconha, eu sempre a vi fazer aquilo então tinha uma noção de como fazer, traguei, tossi muito, depois me acostumei e num instante estava fumando o baseado inteiro, quando minha mãe entrou e me pegou no flagra. Aquele dia eu apanhei, mas nem senti muita dor porque eu achei engraçado estar apanhando. Esse é o efeito da maconha, acho que aquele dia eu ri a madrugada inteira. E ela não me batia porque achava errado o que eu estava fazendo e sim porque eu fumei o único que restara.
Passado algum tempo, e eu só fumando maconha, acabei ficando mais curiosa ainda, só tinha uma diferença, eu já estava mais esperta pra esse lance de droga. Minha mãe adquiriu um novo vicio, ela começou a fumar crack, porque é mais barato que LSD, mas o problema foi que ao invés de largar o LSD ela somou mais um vicio na lista, além de cocaína e maconha.
Com a curiosidade mais aguçada, comecei a cheirar, roubar dinheiro da minha “amada”, e a ficar louca todos os dias. Me toquei que essa coisa de Droga é hereditário, tenho pelo menos três amigos que são filhos de pais viciados. Eu não sou diferente deles.
Hoje é meu aniversário de dezessete anos, duas horas da madrugada. Comecei a farra faz quatro dias, e hoje que deveria ser o dia mais louco estou tendo uma overdose. Isso é que é azar. Só porque fumei hardbase (maconha+cocaína+crack) e tomei muita pinga, injetei pelo menos 50 ml de heroína, estou morrendo. É muita zica pra uma só pessoa.
Mas é a melhor loucura que já tive. Estou voando em baixo d’água, e tem umas borboletas aqui, olha essas cobras que muito loucas. A melhor loucura de todas está me destruindo. A droga é assim, uma mulher nua te esperando num quarto, uma carteira cheia de grana sem documento. Difícil resistir a tentação.

2 comentários:

OS RASCUNHOS DE MIZUHARA MAKOTO: disse...

Putz, é triste saber que uma história como essa não é apenas uma história e que ela na verdade acontece com muita gente... Na minha opinião apenas as pessoas mais fracas se perdem nas drogas, muitas experimentam e conseguem sair mesmo sendo viciante, pq sabem que ela eh uma coisa ruim, outras apenas tendem a usar mais e mais, e o fim... Bem, o fim é quase sempre o mesmo...
Mto boa crônica Suh, adorei ter lido ela!
Te adoro muito³³³³³
Kisu ;*

B. disse...

Adorei! Quanto tempo não venho aqui....
Droga é realmente algo difícil. Péssimo. Um pena, a destruição dos usuários.
Confesso que tenho vontade de experimentar. Tudo. ÉH ruimlembrar q essa semana quase pedi um cigarro na padaria, só um. Pra experimentar. Não sei oq me deu na hora, odeio cigarro, não serve pra nada.
Por enquanto tô beeeem limpa com ralação às drogas, e tomara q eu continue assim, não vou desperdiçar minha mente por nada.

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